terça-feira, 8 de outubro de 2013

fast food

Você só vai ver o que precisa ver quando estiver pronto pra isso. Claro que ninguém é substituível, mas prioridades mudam. Você certamente percebe quando a prioridade do outro mudou em relação a sua amizade. Claro que a monotonia é ruim mas a saída da zona de conforto é bem mais incômoda. Mais fácil nos fecharmos em redomas de vidro cercadas de arames farpados nas quais tudo está onde deve estar, todos fazem o que devem fazer e a reciprocidade sempre existe, mesmo que só na nossa imaginação. Ah, onde as coisas estão arrumadas demais a bagunça está entulhada e escondida em algum lugar, algum armário, baú... Só nos damos conta quando abrimos a porta  e vemos que quem bagunçou tudo aquilo, quem entulhou tudo aquilo, fomos nós mesmos. Por a culpa no outro não resolve a situação, a bagunça não se desfaz sozinha.

Mais fácil estarmos com quem concorda conosco. Com quem apenas diz aquilo que queremos ouvir. Ah como é difícil ouvir o outro falar da sua bagunça dizendo que se sua pia está cheia de louça suja, é só você pegar detergente e esponja e limpar. Não não, queremos alguém que diga que aquele infeliz do fulano veio, comeu o bendito bolo que você ofereceu e nem quis lavar a louça, ah, aquele folgado! Melhor nunca mais convidar.
Tudo tem um custo. Oras, ao convidar alguém para jantar ou você gastará dinheiro pagando a conta do restaurante ou terá louça para lavar em sua casa. Não quer gastar, não convide. Mas isso também tem o custo de nunca ter estes momentos prazeirosos. Ok, nem sempre é prazeiroso, mas minha mãe sempre disse que pra dizer se gosto ou não gosto, tenho a obrigação de experimentar. Ás vezes basta trocar o prato. Ou o local. Ou quem cozinha. Ou a maneira de pensar sobre aquilo. Se o pensamento anterior é de que a comida vai ser uma merda, a comida terá de ser espetacularmente deliciosa para admitirmos que estávamos errados.
Me questiono sobre o vai e vem de pessoas tendo recentemente voltado a conversar com alguém que não conversava ha anos por um motivo de que, digamos assim, tentei alertar a pessoa de que aquele prato que ela mais gostava fazia mal a sua saúde. Ganhei um belo coice perdendo um amigo inestimável. Foram anos necessários para que ele percebesse que sua má digestão não era problema de estômago, mas do que ele estava ingerindo e então me dizer que não conseguia perceber isso antes, pois tentava achar outras causas para suas dores.

Então adotei a política do paladar particular de cada um, entendendo que cada um só percebe o que precisa, quando realmente estiver pronto. Não sou sábia e também tentei arranjar milhares de desculpas para má digestões, desculpas sempre alheias a mim. Bom, mas quem escolhe o que comer sou eu, quem escolhe quem convidar sou eu.

Quem escolhe com quem me importar sou eu. Quem escolhe por quem sofrer sou eu. Quem escolhe minhas prioridades sou eu. Se não sei oferecer mais bons pratos a quem convido, devo entender que seu paladar mudou porque provavelmente alguém lhe ofereceu  algo melhor. Não necessariamente  sendo então o mais saudável, mas isso só o tempo e a qualidade da saúde vão contar.